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“É fechar o olho e tô vendo toda a cena. As pessoas gritando, pedindo socorro e a gente sem poder fazer nada”, diz passageira que sobreviveu a acidente

Eliane Guerra, de 55 anos, pulou do ônibus que caiu de um viaduto na BR-381, em João Monlevade, na Região Central de Minas Gerais, e conseguiu se salvar. Dezoito pessoas morreram no acidente.

A cuidadora de idosos está no Albergue Municipal, para onde foram levadas as vítimas que não precisaram de atendimento médico ou que já tiveram alta. Ela contou, na manhã deste sábado (5), que as cenas de desespero não saem da memória.

“Tô sentindo dores nas costas e na coluna, mas não é nada grave. Acho que é devido ao baque e ao nervosismo que a gente fica porque, até agora, é fechar o olho e eu tô vendo toda a cena. Todos os gritos, as pessoas gritando, pedindo socorro e a gente sem poder fazer nada”, relembrou.

Treze pessoas continuam internadas no Hospital Margarida e três no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte. O motorista ainda não foi localizado. Familiares de feridos em busca de informações podem procurar a Polícia Civil pelo telefone (31) 3851-2411.

Os corpos dos 18 mortos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte e aguardavam a liberação. A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito para apurar as causas do acidente.

“Agora que começou a cair a ficha de que realmente Deus me deu o livramento. De eu estar viva, conseguir pular e estar viva, mas é difícil a gente ver as pessoas que a gente gosta, conhecido, ir embora assim, né? Mas, fazer o quê? Temos mais é que rezar e pedir a Deus para que conforte todas as famílias”, afirmou Elaine Guerra, que acompanhou uma missa celebrada no albergue nesta manhã.

O ônibus da Localima Turismo, com placa de Alagoas, caiu no km 350 da BR-381, em um trecho conhecido como “Ponte Torta”, perto da entrada para Dom Silvério, na tarde desta sexta-feira (4). De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a suspeita é de que o veículo tenha perdido o freio. O motorista pulou do ônibus e fugiu, segundo relatos de testemunhas aos policiais.

Amparo às vítimas

O gerente comercial Fábio Cota esteve no Albergue Municipal nesta manhã para levar doações às vítimas. De acordo com ele, uma associação de moradores se mobilizou para arrecadar os materiais.

“Vim trazer itens de primeira necessidade e higiene pessoal. Eles tão precisando de descartáveis, copo, álcool em gel, papel toalha, sabonete líquido. Roupas eles têm bastante”, contou o voluntário.

Cássia Rocha Araújo, assistente social da Prefeitura de João Monlevade, disse que a estrutura montada está preparada para receber mais pacientes que terão alta, além de familiares de vítimas que vão chegar de outras cidades. O município decretou luto oficial.

Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde vai testar as pessoas para Covid-19.

Transporte irregular

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que o ônibus não tinha autorização. “A empresa está cadastrada na ANTT e tem um Termo de Autorização para prestação de serviço regular concedido pela Justiça, por liminar. No entanto, o veículo em questão não estava habilitado para prestar o serviço de transporte de passageiros”, disse o órgão.

O ônibus com placa “DTD-7253”, de Mata Grande (AL), já havia sido autuado três vezes, em 2019, por transporte irregular de passageiros.

A Prefeitura de Mata Grande (AL) disse que o ônibus saiu de Santa Cruz do Deserto, que fica na zona rural do município, e pegou passageiros por cidades vizinhas como Delmiro Gouveia e Água Branca. O ônibus passa pela Bahia, por Minas e chegaria até São Paulo. A cidade decretou luto oficial por três dias.

A Localima Turismo emitiu uma nota na qual expressa pesar e tristeza pelas vítimas e familiares e diz que deve prestar “total assistência” a eles. A empresa afirmou, ainda, que os fatos estão sendo apurados e que está à disposição para suporte “humano, digno, com compaixão e empatia”.

Fonte: Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação, Redação O Sul

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