Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Guaíba tem previsão de restabelecimento da energia elétrica para este sábado

Os efeitos do temporal que atingiu Guaíba ainda podem ser sentidos por parte da população. Um total de 900 residências está sem luz elétrica nesta quinta-feira, três dias depois do destelhamento de dezenas de casas, queda de árvores e postes de energia. Logo após a tempestade, 8,5 mil clientes ficaram sem luz em seus lares. Segundo informou a prefeitura local, a CEEE Equatorial segue trabalhando para restabelecer o serviço.

Em relação à falta de água, apenas a região do assentamento está desabastecida. O município, que possui 95.204 habitantes, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem recebido o auxílio de diversos órgãos, entidades e voluntários para retomar o cotidiano. A prefeitura, que rapidamente instituiu o Comitê de Crise e decretou o estado de emergência em função dos estragos, distribui kits de alimentação, material de limpeza e telhas para os moradores.

Os bairros mais afetados foram o Cohab, o Santa Rita e o IPE, que abrigam cerca de 20 mil pessoas, o que representa 20% da população da cidade. “Estamos distribuindo kits de alimentação emergencial. Na quarta-feira, repassamos 418 kits. Na manhã desta quinta, já entregamos 350. E outros 350 serão dados para as pessoas na parte da tarde”, explicou a prefeita em exercício, Claudinha Jardim, que estava com a “mão na massa”, auxiliando pessoalmente a Defesa Civil, a Força-Tarefa da Serra Gaúcha e demais entidades na entrega dos donativos, que acontece na Igreja Adventista, localizada na avenida Lupicínio Rodrigues, 1.001, no bairro Santa Rita.

“Também estamos entregando telhas de casa em casa. Foram quase 2 mil entregues e temos outras 2 mil chegando. Além disso, já encomendamos outro lote com mais 5 mil telhas”, acrescentou Claudinha, em frente a um dos caminhões de distribuição de alimentos. O kit é composto por arroz, feijão, massa, óleo e leite. Quem precisa de água também recebe garrafas nos pontos de entrega. Além disso, o público solicita material de limpeza, especialmente água sanitária, e papel higiênico. “Era um cenário de guerra. Vi muitas árvores caindo em cima dos carros”, relembra a prefeita em exercício.

Força-tarefa

O Grupo Força-Tarefa Serra Gaúcha, que atua de maneira filantrópica e já atendeu mais de 100 mil pessoas em seis anos de atividades, trouxe donativos obtidos em Canela e Gramado, para serem doados para os guaibenses. “Trouxemos 2,5 toneladas de alimentos, 5 mil peças de roupa e 600 litros de água. Estamos repassando agora material de limpeza para os moradores”, salientou o presidente do grupo, Jorge Moreira.

Por sua vez, a Defesa Civil, que estava passando nas residências para a entrega de telhas, já havia repassado 400 telhas durante o período desta manhã. “Minha irmã perdeu tudo em casa. Graças a Deus, eu não. Estamos todos nos ajudando”, relatou Ivonete Acosta, de 46 anos, aguardando na fila para receber o kit de alimentação. “Coloquei meu filho protegido no banheiro na hora da chuva. Ficamos muito assustados”, recordou.

Conforme o diretor de Governança da prefeitura local, Luís Maffini, a previsão para o retorno da energia elétrica está prevista para sábado. “Mas, dependendo do avanço dos trabalhos das três equipes da CEEE Equatorial, pode até voltar antes disso”, acredita. “Entregamos mais de 5 mil metros quadrados de lonas para 8,5 mil famílias”, acrescentou o dirigente. Dois pontos estão funcionando para o recebimento de doações: a prefeitura de Guaíba e a Igreja Adventista. “O que mais necessitamos são colchões, alimentos e mobília para casas, como camas e armários”, pontua Luís Maffini.

Reação dos moradores

Apesar do imenso mutirão que abraça Guaíba, os moradores ainda parecem desnorteados com tudo o que aconteceu. “Para nós, que moramos aqui há 40 anos, fazia muito tempo que não dava uma chuva assim”, comentou o aposentado Adalberto Carvalho Lopes, 74, ao lado da filha Mari Berenice da Silva Lopes, 53, moradores da rua Osvaldo Jardim, uma que precisou ser interditada depois do temporal, em função dos postes e árvores caídas. “A gente se apavorou e estamos sem internet ainda”, compartilha a filha. Nessa mesma rua, equipes da CEEE Equatorial estavam trocando os fios no alto dos postes.

Alguns quarteirões adiante era possível ver pessoas em cima dos telhados e muitos veículos chegando com telhas. O operador Ademir de Oliveira Nunes, 31, relembrou os momentos de tensão. “Estava em casa e o telhado foi muito danificado. Tive de escorar a porta por causa da chuva e do vento. Não dava nem para enxergar”, afirmou, logo após receber sete telhas e três cunheiras novas.

Pior situação viveu o proprietário do Mercado Santa Rita, José Batista, 50, que teve prejuízo estimado em R$ 30 mil reais. “Perdi bastante coisa, como alimentos congelados, carne e potes de sorvete”, enumerou. Questionado sobre os acontecimentos, o comerciante foi direto: “Nunca tinha visto. Na terça-feira, o cenário parecia de guerra. Era fora da realidade”. O banheiro localizado na parte de cima do estabelecimento desabou com a força da tempestade. “Estava com um palmo de água dentro de casa e o piso inchou”, cita.

Destruição

Muitos locais atingidos pelo temporal permanecem com marcas da destruição. A rua Osvaldo Jardim está um pouco melhor, com o trânsito liberado e menos sujeira espalhada. A Escola Estadual de Ensino Fundamental Carmen Alice Laviaguerre, situada na mesma avenida, ainda tem muitos dejetos de concreto, telhas e outros tipos de material de construção espalhados pelo chão, tanto na área externa como em espaços internos. Às 9h, o portão de entrada estava cadeado e não havia ninguém no local.

Na altura do quilômetro 294 da BR-116, onde um caminhão chegou a tombar com a força do vento, os postes seguiam inclinados, mas as árvores e os galhos foram retirados pelas equipes da prefeitura local. Aos poucos, Guaíba começa a se reerguer com a ajuda de um grande mutirão de solidariedade.

Fonte: Foto: Alina Souza, André Malinoski, Correio do Povo

Deixe seu comentário: