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Mais de 150 pessoas morreram e milhares estão desaparecidas devido às chuvas dos últimos dias na Europa, que estão fazendo os rios transbordarem e levarem tudo pelo caminho principalmente na Alemanha e na Bélgica.
O país mais afetado é a Alemanha, onde 133 mortes foram confirmadas até o momento e 1,3 mil pessoas estão desaparecidas apenas em um distrito ao sul de Colônia, no oeste do país.
É o maior número de mortos em um desastre natural na Alemanha desde 1962 (quando uma enchente no Mar do Norte deixou cerca de 340 mortos) e a maior quantidade de chuva no país em um século.
As chuvas deste ano têm afetado também a Bélgica, onde 20 pessoas morreram e 20 estão desaparecidas, e Holanda, França e Luxemburgo em menor intensidade (veja mais abaixo).
O número de vítimas pode aumentar consideravelmente após relatos de deslizamentos de terra e casas sendo arrastadas pelos rios ou desabando devido à força da água na sexta-feira (16).
O que se sabe até o momento
133 mortos na Alemanha (90 no estado da Renânia-Palatinado e 43 no estado da Renânia do Norte-Vestfália)
1,3 mil pessoas desaparecidas no distrito de Ahrweiler, na Renânia do Norte-Vestfália, a cerca de 40 km ao sul da cidade de Colônia
24 mortos e ao menos 20 desaparecidos na Bélgica
114 mil casas sem energia na Alemanha, segundo a maior empresa de distribuição do país.
Na Alemanha, as cidades e vilas mais afetadas estão no curso do rio Ahr, que nasce quase na fronteira com a Bélgica e deságua no rio Reno. O vale do rio Ahr é famoso pela produção de vinho tinto, e a cidade mais importante da região é Bad Neuenahr-Ahrweiler.
Na Bélgica, a região mais afetada é a Valônia, cuja principal cidade é Liège. Os maiores estragos estão em cidades e vilas ao longo do rio Mosa, que nasce na França, passa pelo país e adentra a Holanda, e também do rio Vesdre, perto da fronteira com a Alemanha.
Brasileiros entre os afetados
A enfermeira carioca Lívia Nogueira, de 30 anos, mora em Erfstadt, na Alemanha, há 9 meses. Com a rápida subida das águas ela precisou retirar seus pacientes com urgência do centro médico que terminou interditado.
“Eu estava sem força, cansada. Tinha que levantar a cama [do paciente] para conseguir que a roda andasse [no terreno irregular de fora do hospital]”, diz.
1,3 mil desaparecidos na Alemanha
As fortes enchentes no oeste da Alemanha transformaram ruas em rios com correntezas violentas, que “varreram” carros, arrancaram árvores e derrubaram ou arrastaram algumas edificações.
Comunidades inteiras ficaram em ruínas após rios transbordarem e varreram cidades e vilas, nos estados alemães da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado.
Autoridades alemãs confirmam que 1,3 mil pessoas são consideradas “não reportadas” apenas no distrito de Ahrweiler, a cerca de 40 km o sul da cidade de Colônia.
Ainda não é possível saber quantas estão com problemas de comunicação e quantas podem ser vítimas ainda não localizadas.
Em Erftstadt, “as casas foram em grande parte destruídas e algumas desabaram”, disseram as autoridades locais em uma rede social. “Várias pessoas estão desaparecidas”.
Uma barragem perto da fronteira com a Bélgica transbordou, enquanto outra foi estabilizada.
Cerca de 4,5 mil pessoas foram evacuadas das comunidades a jusante e um trecho da rodovia A61 foi fechado em meio a temores de um possível colapso das estruturas.
Outras cerca de 700 pessoas foram evacuadas de parte da cidade alemã de Wassenberg, na fronteira com a Holanda, após a quebra de um dique no rio Rur.
Inundações na Bélgica
Na Bélgica, 20 pessoas morreram e 20 estão desaparecidas e as chuvas constantes durante a noite pioraram as inundações no leste do país, principalmente na região da Valônia.
Em Liège, principal cidade da Valônia o rio Mosa transbordou e o prefeito pediu às pessoas que moram nas proximidades para que se refugiassem em locais mais altos. O município tem 200 mil habitantes.
Mais de 21 mil pessoas continuam sem eletricidade na região.
Linhas de trem e estradas permanecem bloqueadas em muitas áreas do leste do país. O serviço ferroviário nacional informou que o tráfego começará a voltar ao normal na segunda-feira.
Holanda e França
No sul da Holanda, perto das fronteiras com a Alemanha e a Bélgica, autoridades da cidade de Valkenburg evacuaram uma casa de repouso e um hospício durante a noite. A principal rua da cidade turística virou um rio.
Autoridades da cidade de Venlo, também no sul, evacuaram cerca de 200 pacientes do hospital devido à ameaça de inundação do rio Mosa, o mesmo que transbordou em Liège, na Bélgica.
O governo holandês enviou na noite de quarta-feira (14) cerca de 70 soldados à província de Limburg, onde ficam Valkenburg e Venlo. Não há relatos de feridos ou mortos relacionados a enchentes na Holanda até o momento.
Chuvas excepcionalmente intensas também inundaram uma parte do nordeste da França nesta semana, derrubando árvores e forçando o fechamento de dezenas de estradas.
Uma rota de trem para Luxemburgo foi interrompida e os bombeiros evacuaram dezenas de pessoas de casas perto da fronteira com Luxemburgo e Alemanha e na região de Marne.
O equivalente a dois meses de chuva caiu em algumas áreas da França nos últimos dias, segundo o serviço nacional de meteorologia do país.
Fonte: Jornal O Sul